quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Conto de mistério

 

Conto de mistério

Stanislaw Ponte Preta

         Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.

         Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:

         Siga-me! - foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal iluminado e ele - a uma distância de uns dez a doze passos - entrou também.

         Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.

         Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou - porém - quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: "É este".

         O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.

         Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:

         - Julieta! Ó Julieta... consegui.

         A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.

Disponível em: https://www.sjc.sp.gov.br/media/120987/5%C2%BA-ano-port.pdf /Acesso em 17 de nov. de 2020.

1. Quantos parágrafos tem o texto? 

R:______________________

2. O texto lido pertence ao gênero textual: 

a) ( ) notícia.        b) ( ) conto       c) ( ) fábula.       d) ( ) romance.

3. Qual a finalidade desse tipo de gênero textual? 

a) ( ) Contar uma história.    c) ( ) Vender um produto.

b) ( ) Instruir a fazer algo.     d) ( ) Informar o leitor sobre um fato.

4. Nesse texto, há presença de um narrador observador ou de um narrador personagem? Justifique sua resposta. 

R:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Este conto apresenta características de um conto de: 

a) ( ) humor.      b) ( ) fantástico.         c) ( ) mistério.          d) ( ) fadas.

6. Alguns elementos da língua escrita ajudam a construir o mistério no conto. Encontre no texto as palavras que o autor utilizou para descrever os seguintes ambientes onde se passa a história que ajudaram na composição do “ar de mistério”: 

a) Beco:____________________________ e __________________

b) Sala: ___________________________ e ______________________

7. Quem são os personagens principais presentes nesse conto? ( são 4) 

R:_____________________________________________________________________

8. Em sua opinião, por que o narrador não nomeia a grande parte dos personagens? 

R:_________________________________________________________________

9. No primeiro parágrafo do conto, há um sinal realizado por um personagem que serviu como senha de reconhecimento. Que sinal é esse? 

a) ( ) Entrou no café e pediu um guaraná

b) ( ) Sentou-se em uma mesa e pediu um café.

c) ( ) Acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas.

d) ( ) Acendeu um cigarro e soltou a fumaça em quatro baforadas compassadas.

10. Tempos verbais são as variações do verbo que indicam em qual momento o fato expresso por ele está ocorrendo. De forma básica, temos os seguintes tempos verbais: passado, presente e futuro. Sublinhe no texto e escreva abaixo QUATRO verbos que estejam no tempo verbal passado. 

R:___________________________________________________________________

11. Em sua opinião, o que poderia estar acontecendo para o personagem ter passado por tanto suspense para obter aquele simples quilo de feijão? 

R_________________________________________________________

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